Quinta-feira, 30 de Novembro de 2006
Muitas vezes se lê uma frase do género o facto dele aparentar tanta riqueza criou suspeições de conduta desonesta. Analisemos esta frase. Nela surge a contracção da preposição de com ele. Não é exactamente assim. A contracção dá-se com a construção ele aparentar tanta riqueza. Na frase o livro é dele também existe uma contracção, neste caso realmente da preposição de com o pronome ele. Compreendemos que neste caso a palavra dele é uma contracção de natureza diferente da anterior. São as duas contracções legítimas? Não; a primeira está errada. É o que se deduz da norma do acordo ortográfico que a seguir se indica.
Quando a preposição de se combina com as formas articulares ou pronominais o, a, os, as, ou com quaisquer pronomes ou advérbios começados por vogal, mas acontece estarem essas palavras integradas em construções de infinitivo, não se emprega o apóstrofo, nem se funde a preposição com a forma imediata, escrevendo-se estas duas separadamente: a fim de ele compreender; apesar de o não ter visto; em virtude de os nossos pais serem bondosos; o facto/fato de o conhecer; por causa de aqui estares.
Portanto a frase o facto dele aparentar tanta riqueza criou suspeições de conduta desonesta não está correcta. Está errada à luz do acordo ortográfico. Aliás, também o está à luz da actual ortografia.