Sábado, 31 de Julho de 2004
Em 1973 o governo do Prof. Marcelo Caetano decidiu acabar com os acentos em palavras como sòzinho, pèzito, avôzinho, pràticamente, sòmente e portuguêsmente. Era Ministro da Educação o Prof. José Veiga Simão, que depois do 25 de Abril desempenhou vários cargos oficiais, incluindo o de ministro.
Com esta alteração o acento grave ficou reduzido a um pequeno número de palavras. Quase desapareceu - sem qualquer prejuízo e com muitas vantagens. No entanto, ouvi o Dr. Mário Sottomayor Cardia lamentar em público que o seu amigo José Veiga Simão tivesse tido a ideia de abolir o acento em palavras como as citadas. É assim o conservadorismo ortográfico. Verdade seja que o de Cardia não era arrogante e dogmático, ao contrário do de outros, autênticos fundamentalistas que, se pudessem, nos impunham que em vez de farmácia se voltasse a escrever pharmácia.
Curiosamente, na mesma altura Cardia confessou que não sabia que a letra k não fazia parte do alfabeto da lingua portuguesa. Interessante um ex-Ministro da Educação não saber o alfabeto.
Estas simples alterações foram antecidas de muitas outras. Salazar introduziu algumas.
Os nossos fundamentalistas ortográficas sabem que Caetano, Salazar e outros introduziram reformas ortográficas mas não querem que haja mais. Fundamentalismo é fundamentalismo!